segunda-feira, 30 de maio de 2011

Olhares do Subúrbio

Agumas vezes já me perguntaram: o que faço quando me sinto sozinha? A resposta é muito clara: vou ver coisas bonitas! E neste domingo onde o céu de Buenos Aires só mandava cores cinzas e ventos que cortavam o rosto e mãos, fui ao encontro de Robert Doineau.

Francês, humanista e com um senso de humor magnífico, o fotógrafo dedicou a vida a buscar nos subúrbios da badalada Paris, os olhares mais inusitados, os beijos mais bonitos, os seios menos vistos e as bocas desdentadas com os sorrisos mais sinceros.

Passei quase 3 horas nos corredores brancos do Centro Cultural Recoleta, me sentava, levantava, olhava algumas pessoas e principalmente os casais e pensava, porque todo mundo esta aqui?
O que procuram as pessoas nas fotografias em preto e branco de um artista que eles não sabiam da existência? Cheguei a conclusão que estão todos como eu, buscando um sentido nas imagens, um engrandecimento da alma.
Pra mim, sorrir sozinha ao longo de um corredor com 137 fotos de desconhecidos como nós, foi um divisor de águas na crítica que faço a mim mesma todos os dias. Que discurso eu represento?

Não sei! Mas ontem ao ver as imagens que compartilho com vocês percebi que em Buenos Aires, no Timor Leste, em Pouso Alegre, em qualquer lugar que haja vida, todo mundo só quer é existir, reproduzindo discursos ou não, sendo esteriótipos ou não.

As fotos de Doisneau para mim foi o dia 01 dos 100 dias que me proponho a compartilhar com vocês. Em 100 dias de vazio, tornarei a produção artística, minha mais fiel companheira não porque quero ser cult ou uma mulher interessante, mas sim, porque no vazio e nas indefinições que a vida me causa, só creio estar na arte, uma fuga produtiva ao receptor.

Críticas ao alto, julgamentos abertos, também somos o que perdemos!

Texto por Monique Lemos.




Fotos de Robert Doisneau.


CENTRO CULTURAL RECOLETA
DIRECCIÓN: JÚNIN, 1930
BUENOS AIRES-ARGENTINA