quarta-feira, 30 de março de 2011

Noche en Vela



Sábado passado foi dia de virada cultural em Buenos Aires, Toronto, Paris, Madrid, Berlim, Riga, São Petesburgo e outras cidades grandes do mundo as quais o folheto informativo do evento se refere como otras grandes ciudades del mundo (deixo a quem tiver interesse e disposição o site para pesquisar quais seriam estas: www.google.com)
Musica, teatro, literatura,cinema, dança,  artes plásticas, arquitetura e design, escultura, culinária, videozinhos coloridos, instalações que diziam alguma coisa e outras que também diziam mas eu não entendia, tudo teve seu espaço para ser apreciado e também aprendido, já que a noite também era de oficinas e workshops. Como o blog surgiu no domingo, eu preferi reverberar do que gravar e a minha abstinência ao álcool por quarenta dias não consecutivos (19+19) devido à minha primeira quaresma, influenciou diretamente no resultado negativo de captação já que, na ansiedade de ver tudo, não vimos quase nada, e os mais bonitos, não registrei (como disse, não tinha planos de publicar, então preferia fechar os olhos pras pessoas do lado pensarem que eu estava sentindo profundamente a obra). O vídeo que segue serve mais pra mostrar a atmosfera de alguns dos mais de 150 pontos onde aconteceram coisas, do que mostrar o evento propriamente dito. Editei as imagens mas quis manter o som original de todos os lugares. Abraços a quem é de abraços e beijos a quem é de beijos!

Danilo Santo (este nome foi adotado devido a um trauma de infância onde meus irmãos me zoavam dizendo que existia Santo André e São Rafael, mas não tinha São Danilo – meu pai até tentou reparar o erro dizendo que na Itália existia, mas com a chegada do Google descobri que o único São Danilo é um edifício que fica na Vila Tupi, na Praia Grande, provavelmente construído por algum xará meu, irmão de algum Antônio, Pedro, Cristóvão, etc. Aí, como já sou Santos, decidi por conta própria me tornar Santo, ao menos no meu blog)



segunda-feira, 28 de março de 2011

Os cem anos de solidão dos Buendía.



Cem anos de solidão é uma obra prima que se encontra entre os livros latino-americanos mais lidos no mundo inteiro, caracteriza em mais de trezentas páginas, o realismo fantástico estilizado a sua maneira pelo colombiano Gabriel García Marquez. Entre ciganos que possuem tapetes mágicos e mulheres maravilhosas que sobem aos céus virando anjos nus, o escritor conta a história dos Buendía e a cidadela de Macondo onde a vida solitária dos personagens e os acontecimentos inusitados, traçam o seu começo e fim junto a estirpe que movimenta os capítulos da narrativa.
Em muitas sínteses e críticas lidas relacionadas ao livro de Marquez, informa-se que é necessário o acompanhamento traçado da árvore genealógica da família Buendía, para que não se confundam os inúmeros Aurelianos e Arcadios, que nascem e morrem num ciclo constante de repetições que caracteriza a obra e o seu título.
Entre os personagens bem construídos e peculiares, é possível identificar como o escritor mergulha na solidão e característica de cada geração e de cada filho gerado pelo amor e paixão desenfreados dos Buendía, entre capítulos distantes, o autor retorna a gerações anteriores sem perder de vista detalhes escritos antes e que não se perdem entre a repetição de personagens e nomes.
Nas universidades e meios literários sempre é colocada em pauta a posição política de uma obra, em Cem anos de Solidão, as posições liberais e conservadoras são colocadas com simplicidade, não obstante no decorrer da Guerra sem vitórias feita pelo Coronel Aureliano Buendía, nota-se a admiração do autor pela posição liberal e de luta de classes que o personagem da segunda geração da família carrega durante muitos anos e capítulos da obra. O autor despeja com lindas palavras no texto, a vida inteira de um homem que lutou em 32 guerras sem vitórias, por uma situação melhor de vida aos trabalhadores de Macondo.
Marquez define as posições políticas que tomam metade da obra e caracterizam em muitos momentos a vida da cidade no auge de seu desenvolvimento, no seguinte trecho, em que o sogro do Coronel Aureliano diz :
Os liberais, dizia, eram maçons; gente de má índole, partidária de enforcar os padres, de instituir o casamento civil e o divórcio, de reconhecer iguais direitos aos filhos naturais e aos legítimos, e de despedaçar o país num sistema federal que despojaria de poderes a autoridade suprema. Os conservadores, ao contrário, que tinha recebido o poder diretamente de Deus, pugnavam pela estabilidade da ordem pública e pela moral familiar; eram os defensores da fé de Cristo, do princípio da autoridade, e não estavam dispostos a permitir que o país fosse esquartejado em entidades autônomas. (MARQUEZ, 1967 p.88)
Inúmeros personagens definidos como liberais ao longo da história, gritam a liberdade e a luta armada para defender os direitos de liberdade e trabalho, homens estes que morrem fuzilados diante de muros e são condenados a uma morte jovem e sem reconhecimentos.
Nesse livro, que tornou o nome do escritor colombiano como um dos escritores mais respeitados universalmente, temos contato com uma construção de pessoas ousadas como Amaranta Úrsula, última geração da família, que se apaixona por seu tio e vivem a última história de amor da obra, onde finalmente seria gerado um filho Buendía com rabo entre as pernas, medo que aterrorizava Úrsula, a mãe de todas as gerações dos Buendía, que viveu  mais de 100 anos e imortalizou nas linhas da obra a figura de uma mulher líder, forte, cega e independente.
A loucura e a insanidade são características pertinentes neste livro, desde a primeira geração onde José Arcadio Buendía junto aos ciganos que chegavam a Macondo, tentavam descobrir a forma da Terra, a ciência não definida até que ficassem loucos, ou melhor dizendo ensimesmados em um mundo de pesquisas  e informações jamais visto naquele povoado.
As características do realismo fantástico de Gabriel Garcia Marquez, torma o texto cada vez mais real, o leitor não se assusta ou incomoda com espíritos convivendo normalmente com os vivos, ou objetos que se movimentam sozinhos afim de deixarem loucos seus donos, atitudes surreais como essas tornam o texto mais apaixonante e rico em detalhes e não cômico como a primeira vista se pode presumir.
A leitura de relatos de uma família grande e solitária me faz pensar que convivemos com um sentido de solidão um tanto quanto destorcido, aqui a solidão é sinônimo de recusa por amor, de silêncio por outros tipos de amor como a leitura e o conhecimento, a solidão voluntária pela morte de um grande amor jovem ou por não suportar uma velhice acompanhada. Os personagens do escritor colombiano, assim como a estudante de letras que aqui vos singelamente informa, tratam a solidão como uma forma mor de aprender o que é a verdade de um grande amor ou de um grande feito.
Como ouvi na última aula de critica literária, A LITERATURA EXISTE PARA CRIAR ALGO  NOVO NO LEITOR E NÃO PARA SER RE-LIDA OU RE-ESCRITA.  Vivemos talvez a geração que menos convive com a solidão, por medo, por insegurança ou até por necessidade exacerbada da aprovação do outro e de reconhecimento, o que nega a tão repetida característica do “ensimesmar” nos ensinada pelo escritor aqui explorado.
Cien años de Soledad, buena lectura !!!!
Texto por Monique Lemos.


O dia da memória, que eu nunca vou esquecer.


Não fosse a data uma celebração mórbida, teria sido pra mim o dia 24/03/2011, um dia de extrema alegria. A começar pelo céu que estava lindo, sem nuvens, e a temperatura que estava baixa. Descobri na segunda-feira 21, que na quinta 24, seria feriado. Descobri então, através de um aluno, que o dia 24 de março se comemora a tomada do poder pelos militares aqui na Argentina, e que deram a esse dia o nome de “Dia da Memória”. É isso mesmo: a data se refere ao dia que os militares chegaram ao poder, e não ao dia em que eles perderam o poder. Segundo alguns argentinos, isso serve para manter vivo na memória um passado negro, para que ele nunca mais volte a acontecer. A data se tornou feriado nacional em 2006, quando o feito comemorava 30 anos, ou seja, o vídeo mostra partes do trigésimo quinto aniversário.
Enquanto aproximadamente 150 mil pessoas se calavam diante de uma única voz na flecha do coração de Buenos Aires, o Obelisco, outra centena de milhares juntavam suas vozes para se fazerem fortes, erguiam suas bandeiras e caminhavam juntos. Cada um com sua dor: a dor da perda de um filho, da perda de um marido, da de um amigo, de um direito. Estavam todos os cem mil ali, marchando pelos trinta mil desaparecidos que o regime deixou de herança. Peronistas e antiperonistas, torcedores do boca e do river, esquerdistas e direitistas, ricos e pobres, crianças e velhos, todos nesta noite se juntam aos movimentos conseqüentes do golpe, como las madres de mayo e nuevo encontro, para mostrar que ainda se lembram e que a mancha de sangue secou, escureceu, não sumiu e nunca sumirá.
O dia seria de alegria para mim por ter visto pessoas na rua cantando, espantando seus males, confirmando o ditado. Mesmo sendo um dia de relembrar o que muitos gostariam de esquecer. Seria de alegria também por sentir cada pelo saltar em cada poro dos meus braços e ficar arrepiado por mais de 3 horas consecutivas diante de Plácido Domingo. Mas mesmo assim, quis ficar triste para solidarizar com um povo que recebe tão bem e tem tanto respeito pelos brasileiros. Mas eles mesmos não estavam tristes. Então, como já disse em outra ocasião, aprendi com eles que o remédio pra tristeza é a alegria.  


domingo, 27 de março de 2011

És Nosotros.

Por ainda sermos os filhos, imaginamos que, no período de gestação, a escolha do nome seja a segunda coisa a ser feita, e talvez a primeira depois da descoberta do sexo. Descobrimos então o sexo: blog! Restava-nos o nome. Poucas idéias foram jogadas na mesa de plástico branco que refletia o sol intenso na nossa varanda até que, quase escorregando, surgiu o És Nosotros.
Quase escorregando porque o objetivo é sério: compartilhar nossa experiência e nossa busca e fazer dessa partilha um instrumento de incentivo, de motivação a nós mesmos.  És Nosotros seria a tradução literal para o espanhol de É Nóis.
O blog é formado por três pessoas distintas, de objetivos distintos, mas que dividem o mesmo teto:
 Danilo é formado em jornalismo, é co-fundador de um grupo de teatro amador surgido há 10 anos, está a um passo de terminar sua pós-graduação em cinema documentário pela FGV, e a outro de começar seu mestrado em cinema e teatro latino-americano e argentino pela Universidade Federal de Buenos Aires. Ganha a vida ensinando português para os hermanos, o que o faz escolher sempre os produtos mais baratos na prateleira do supermercado.
Monique é formada em História pela tão adorada e criticada Universidade do Vale do Sapucaí, professora de inglês e esta em Buenos Aires cursando no momento algumas matérias em letras para fazer o mestrado em Literatura Espanhola e Latinoamericana pela Universidade Federal de Buenos Aires. Aqui , na terra dos deliciosos vinhos e empanadas, trabalha em uma agência que recebe estudantes brasileiros que procuram a forma européia de estudos adotada pelas Universidades argentinas. A única alma feminina residente no apartamento da rua Estados Unidos 828.
Thales estudante de publicidade e propaganda no Brasil, veio a Buenos Aires para dar continuidade em seus estudos empreendedores, não obstante, em contato com a cultura portenha, descobriu que seu real talento estava direcionado a gastronomia. Matriculado no Instituto Gastronômico internacional, será nosso vínculo principal com a mesa e os ingredientes que alimentam os argentinos. Hoje se sustenta com pequenos depósitos brasileiros, advindos de seu seguro desemprego em fase terminal.
Este espaço foi criado, dentre inúmeros motivos, para que sejam compartilhadas nossas experiências sérias e cômicas na terra dos Pampas. Teremos dias de vídeos, fotos e textos sérios e dias com outros materiais descontraídos, curiosos e informais. Teremos dias de sol, dias de chuva, dias com pássaros e dias com dragões. Fiquem a vontade para entrarem em nosso blog para compartilhar interesses vindos do Brasil, Argentina ou qualquer outro lugar onde as idéias estejam sendo continuamente criadas e desenvolvidas, desde que deixem os sapatos do lado da porta quando entrarem!
Bienvenidos al És Nosotros !!!!!