segunda-feira, 28 de março de 2011

O dia da memória, que eu nunca vou esquecer.


Não fosse a data uma celebração mórbida, teria sido pra mim o dia 24/03/2011, um dia de extrema alegria. A começar pelo céu que estava lindo, sem nuvens, e a temperatura que estava baixa. Descobri na segunda-feira 21, que na quinta 24, seria feriado. Descobri então, através de um aluno, que o dia 24 de março se comemora a tomada do poder pelos militares aqui na Argentina, e que deram a esse dia o nome de “Dia da Memória”. É isso mesmo: a data se refere ao dia que os militares chegaram ao poder, e não ao dia em que eles perderam o poder. Segundo alguns argentinos, isso serve para manter vivo na memória um passado negro, para que ele nunca mais volte a acontecer. A data se tornou feriado nacional em 2006, quando o feito comemorava 30 anos, ou seja, o vídeo mostra partes do trigésimo quinto aniversário.
Enquanto aproximadamente 150 mil pessoas se calavam diante de uma única voz na flecha do coração de Buenos Aires, o Obelisco, outra centena de milhares juntavam suas vozes para se fazerem fortes, erguiam suas bandeiras e caminhavam juntos. Cada um com sua dor: a dor da perda de um filho, da perda de um marido, da de um amigo, de um direito. Estavam todos os cem mil ali, marchando pelos trinta mil desaparecidos que o regime deixou de herança. Peronistas e antiperonistas, torcedores do boca e do river, esquerdistas e direitistas, ricos e pobres, crianças e velhos, todos nesta noite se juntam aos movimentos conseqüentes do golpe, como las madres de mayo e nuevo encontro, para mostrar que ainda se lembram e que a mancha de sangue secou, escureceu, não sumiu e nunca sumirá.
O dia seria de alegria para mim por ter visto pessoas na rua cantando, espantando seus males, confirmando o ditado. Mesmo sendo um dia de relembrar o que muitos gostariam de esquecer. Seria de alegria também por sentir cada pelo saltar em cada poro dos meus braços e ficar arrepiado por mais de 3 horas consecutivas diante de Plácido Domingo. Mas mesmo assim, quis ficar triste para solidarizar com um povo que recebe tão bem e tem tanto respeito pelos brasileiros. Mas eles mesmos não estavam tristes. Então, como já disse em outra ocasião, aprendi com eles que o remédio pra tristeza é a alegria.  


Um comentário:

  1. Vi a apresentação um pouquinho pela TV e fiquei arrepiada, imagino vocês ai ao vivo e a cores.
    Depois que assisti ao vídeo fiquei pensando, por mais difícil que seja todos os jovens deveriam ter experiências como a que vocês estão tendo.
    Parabéns aos três!!! São corajosos!!! Bjs...

    ResponderExcluir